Nesta terça-feira, 5 de outubro, foi publicado um artigo do fotógrafo e colunista Leo Aversa intitulado 'A invasão dos playboys ciclistas' na editoria de cultura do O Globo. No texto, o articulista critica algumas atitudes dos ciclistas, vestimentas, equipamentos... enfim, só reclama parecendo um daqueles que querem as bikes fora das ruas e tenta de todo jeito desqualificar o esporte e seus praticantes!
Resumindo o conteúdo, Aversa critica as cores das roupas utilizadas pelos ciclistas (playboys ou não) e o fato de serem, em sua maioria, coloridas e justas. O autor também afirma ter "ranço" por conta dos ciclistas comprarem acessórios caros e bicicletas caras também (vai vendo).
"Se o objetivo é fazer gastar energia, não seria mais adequado uma Caloi Barra Forte ou uma Monark Barra Circular?", questionou Leo Aversa no decorrer de seu texto. E a resposta à questão é: depende! O biker que quiser andar com essas bicicletas e estiver feliz com o equipamento não tem de que reclamar. O mesmo podemos aplicar para a questão do investimento: quem define o quanto vai querer gastar em equipamentos é o próprio ciclista.
Em seu artigo, Leo Aversa apresenta o que pensa do ciclismo ao deixar transparecer que o objetivo de pedalar é só para gastar energia ou "impressionar as louras wellness e matar de inveja os tiozões". O que o autor não leva em consideração é que qualquer pessoa (playboy ou não) pode andar de bike simplesmente por gostar de fazer isso, por sentir prazer ao praticar o esporte.
Aversa fala da expressão "fechada e tensa" do "ciclista gourmet" quando está pedalando sua bike e diz que é "como se estivesse pilotando uma nave espacial". Bom, e qual o problema nisso? Nenhum! O que há aí é só o descontentamento do cara que escreveu o artigo, pois geralmente quem vai na bike está feliz.
Ainda arrisco dizer que talvez Leo Aversa tenha tido sensação parecida quando conquistou sua primeira câmera fotográfica e depois uma superior e outra ainda melhor do que a primeira e a segunda.
Não é porque tem duas rodas que é algo simples
É certo que as bicicletas são veículos de "propulsão humana, dotado de duas rodas", conforme define o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), mas isso não quer dizer que não haja bikes exclusivas e diferenciadas, pois há.
Além do mais, querer reduzir as bicicletas ao simplório - como fez Leo Aversa em seu artigo - é desvalorizar o trabalho de tantos engenheiros, projetistas e todo o corpo técnico que emprega esforços no desenvolvimento e aperfeiçoamento das bikes no Brasil e no mundo inteiro. E sim, eles projetam bicicletas para o 'tio Zé' da barra forte, para o ciclista amador, profissional e se o cara for playboy o projeto é para ele também.
Sobre os motoristas de ônibus
A maioria da galera que pedala, ao ser questionada sobre as cores das roupas de ciclismo, diz que é para chamar a atenção dos motoristas. Contudo, Aversa também se sente incomodado com isso.
Leo Aversa lida com estética: o cara é fotógrafo. Porém, não vamos entrar nesse campo visto que não é foco. Ao invés disso, um zoom em outro trecho do artigo dele pode ser mais interessante.
"Alguém deve explicar aos praticantes [de ciclismo] que não é que o chofer do ônibus, por exemplo, não os veja: é que ele simplesmente não se importa", disse Leo Aversa. Ora, se a situação é essa evidentemente existe: 1) falta de humanidade, pois sobre a bike vai uma vida; 2) falta de desconhecimento das leis de trânsito; 3) falta de conscientização e aplicação da lei.
Leo Aversa só acertou em uma coisa
No meio de tantas coisas que Aversa falou em seu artigo 'A invasão dos playboys ciclistas', só tem uma coisa que onde ele tinha razão: tem muito ciclista que não para nos sinais fechados. Galera, no Brasil, sinal vermelho é para parar, inclusive de bike! Há estudos que sugerem a revisão disso, mas enquanto não muda a norma é a que está no CTB.
De resto, Leo Aversa só disse caca!
Foto: Pavla Kozáková / Pixabay